terça-feira, 19 de junho de 2012

Criação por apego

 Bom, eu prometi que esse seria um blog que falaria sobre criação por apego, mais conhecido pelo seu nome em inglês, attachment parenting...Apesar de muito criticada por gente mal esclarecida, a educação libertária e baseada em amor incondicional que oferece a criação por apego completou as lacunas que faltavam sobre como educar um filho. Infelizmente apesar de todos os esforços eu nao pude oferecer um parto natural para a khadija, que pena, mas todo o resto que eu puder fazer para que ela seja saudável e feliz eu farei. Eu nao tenho o menor medo de transformá-la numa criança mimada por ser amada demais, porque amor é a única coisa nesse mundo que NUNCA faz mal. Como ainda estou esquentando os motores, vou postar o texto de um blog que eu gosto muito, e que é muito esclarecedor sobre o assunto. Espero em breve tornar-me corajosa o suficiente para escrever meus próprios relatos. Por hora só tenho a dizer que não me arrependo da minha decisão. Amamento a Khadija em livre demanda ate hoje (aos dois anos de idade dela) porque pude me dar ao luxo de não trabalhar fora nesse momento da vida dela. Me ocupo em escrever minha tese de doutorado e criar modelos para a minha coleção de roupas, mas faço isso com ela brincando pertinho de mim. Isso é um privilégio que tive na vida e do qual nenhuma mãe, em condições, deveria abrir mão de ter. Admiro as mulheres que trabalham e criam seus filhos. São verdadeiras heroínas e merecem nosso mais profundo respeito, mas seria muito bom que em todo esse processo de amadurecimento da importância da condição feminina na sociedade não excluísse a maternidade como fator de empoderamento feminino e social. Famílias saudáveis geram sociedades saudáveis. Amamentar, parir naturalmente, ter tempo para brincar com seus filhos e outras ações dessa natureza deveriam estar na pauta de todo movimento feminista sério. Ser mãe não é ser menos mulher. Queremos superar a condição de mãezinhas, nesse diminutivo bobinho e pernicioso porque temos consciência do poder transformativo que a maternidade possui. Hoje em dia cada vez mais vemos as pessoas transferindo essa responsabilidade para babás, escolas, religiões. Gente! Essa deveria ser uma atividade intransferível. Considero uma bênção aquelas que podem contar com babás, escolas, família, amigos e grupos espirituais para ajudá-las no processo de educar um ser, mas isso não pode ser confundido com transferência. Essa responsabilidade é pessoal dos pais! E pra mim esse ponto é inegociável. Além de amamentar a Khadija eu também pratico a cama compartilhada, e foi uma das melhores coisas que fiz na vida. Praticamente nunca usei carrinho de bebê, o sling salvou minha vida assim que o corte da minha cesárea melhorou (ele nunca cicatrizou...nao façam cesárea!). Eu leio com a Khadija, tomo banho com ela, rolo com ela pelo chão, dormimos agarradas nós duas e nossos gatinhos (não, o convívio com a bebê e os gatos nunca apresentou nenhum tipo de problema. Às vezes ela puxa o rabo deles e eles em troca dão uma tímida mordidinha na mãozinha dela e eles seguem felizes como em qualquer relação normal de amizade). Quando o pai está livre faz tudo isso com a gente. Entramos na banheira com patinhos e barquinhos e brincamos na água. Assistimos juntos um milhão de vezes a todos os Top filmes infantis dos últimos anos, e também cocoricó, castelo ratimbun e Turma da Mônica. Nunca nego colo e faço de tudo para que ela não precise chorar. As pessoas me dizem..mas voce nao vai poder evitar isso por toda vida.
É verdade! Mas se voce tivesse o poder de evitar as lágrimas e o sofrimento do seu filho, voce não o faria? Pois então enquanto eu puder eu as evitarei...
Isso não quer dizer que não digo não, nem que não oriento ou educo. Claro que ensino valores, que dou asas à imaginação dela e que de vez em quando ela leva bronca. A diferença é que não sou uma tirana. Procuro fazer tudo sob o manto do amor, sem raiva, sem orgulho ou sentimento de superioridade.. Você pode se surpreender com o quanto um bebê tem pra te ensinar nessa vida!
Tem dias que estou exausta. Antes que você me perguntasse eu já respondi! Eu tenho sono, meu corpo às vezes dói e eu fico sonhando com as areias de Santos sob os meus pés..(ter filho no exílio é muito mais difícil, acredite) mas nada me dá mais orgulho do que ser mãe.
Bom, aqui eu expressei visceralmente algumas das minhas crenças que surgiram de forma absolutamente empirica na minha vida. Mais tarde descobri que havia ciência nos meus sentimentos e que muitos estudiosos pensavam como eu. O site http://www.cientistaqueviroumae.com.br/ é um dos que trata desse assunto com muita seriedade e por isso compartilho esse material logo aqui na saideira...bjs

 

A criação com apego e a neurociência


O que determina as características de personalidade de uma pessoa e, consequentemente, de um grupo social? O que determina que uma pessoa se torne deprimida, ansiosa, paranóica ou que desenvolva outro transtorno emocional? 
A constituição genética? O ambiente? As vivências ao longo da vida? O suporte emocional que recebe? O grau de afeto recebido na infância? Coisas que ainda não sabemos e que a ciência ainda não explica? Sim, tudo isso.
Qual desses fatores tem maior ou menor peso nessa misteriosa e inexata matemática? 
Taí uma pergunta para a qual não se tem uma clara resposta.
Como saber, então, de onde vêm essas mazelas? Não sabemos ao certo, de forma que não podemos controlá-las. Mas se sabemos que determinadas práticas, situações e experiências contribuem decisivamente para que elas não apareçam, então passamos a nos apoderar desse conhecimento na tentativa de evitar o sofrimento. Não é garantia de que iremos conseguir, mas estaremos assumindo a parte que nos cabe nesse vasto e complexo latifúndio.
Não temos como controlar quais genes vamos passar - ou já passamos - para nossos filhos. Não sabemos, em termos de constituição biológica, quem são ou o que há dentro deles, qual o gatilho que está pronto para ser acionado - de bom ou de nem tão bom assim.
Mas podemos, pelo menos em parte, no dia-a-dia, dentro de casa, nas experiências cotidianas da família, selecionar ambientes e experiências aos quais queremos expô-los ou não. 
Aí entra a criação com apego, tradução pouco precisa para o termo em inglês attachment parenting. E que vem recebendo críticas descabidas de gente que não faz a menor ideia do que está falando. Num mundo onde o apego emocional vem sendo ridicularizado na mesma intensidade que se incentiva e se fortalece o apego material, ainda em tenra infância. Virou piada você dizer que amamenta um filho de mais de dois anos, ou que procura compreender seus anseios e inseguranças no lugar de agir autoritariamente, ou que evita deixá-lo chorar. Pessoas presas aos seus próprios preconceitos e ligadas ao que o senso comum propaga como sendo verdades inquestionáveis, ainda que fruto da ignorância, tendem a associar a criação com apego à falta de limites, à permissividade, construindo em suas cabeças um falso perfil dos pais que assim criam seus filhos como sendo seres irresponsáveis, criando filhos sem limites. Como se a oferta desmedida de apego e amor fosse contribuir para pessoas naturalmente sem respeito pelo espaço alheio, físico e emocional, numa clara e clássica inversão pós-moderna de valores, marcada pela predominância do automático sobre o intuitivo, do mecânico sobre o emocional, do artificial sobre o natural. Quando o que se vê na realidade é claramente o oposto: jovens sem limites justamente por não terem recebido nenhum grau de atenção em casa, que não tiveram a presença carinhosa dos pais, ou que foram vítimas de maus tratos emocionais ou físicos. 
Criação com apego não tem nada de permissividade ou de liberou geral. Muito pelo contrário: busca-se ensinar e mostrar os próprios limites e seus limites no mundo. Mas os ensinamentos e orientações são passados com base em conceitos de amor, compreensão e respeito. Não na base da força e do autoritarismo do mais forte para com o mais fraco.
O termo attachment parenting foi utilizado pela primeira vez por um médico, William Sears, com base na teoria do apego, que leva em consideração o fato de que a criança, durante sua infância, tende a criar um vínculo emocional bastante forte com seus cuidadores que gera consequências durante toda sua vida. A criança busca proximidade com o outro e quer se sentir segura quando ele está presente. Suas ideias e práticas subentendem que os pais ou cuidadores estejam emocionalmente disponíveis de forma a promover o desenvolvimento sócio-emocional da criança de maneira segura e amorosa e a evitar que a criança desenvolva o que se chama de apego inseguro, aquele que é baseado no abandono, no apegar-se porque não se teve. 
Em 1951, o psicólogo, psiquiatra e analista John Bowlby sugeriu que a privação materna durante a infância poderia levar ao desenvolvimento de adultos deprimidos ou hostis ou, ainda, com  problemas para se relacionar de maneira saudável com outras pessoas. Isso na década de 50, quando muito pouco ainda se sabia sobre como o cérebro processava a depressão, a ansiedade e outros transtornos afetivos.
Com o andar da carruagem, alguns pesquisadores, na década de 70, começaram a divulgar resultados de pesquisas comportamentais com primatas, mostrando que o rompimento da ligação entre mãe e filhote levava a comportamentos violentos e agressivos no primata adulto. Mas, afinal de contas, isso era apenas um estudo experimental e as pessoas tendem a repelir o que não é feito em humano, ainda que toda a nossa psicologia comportamental, neuropsiquiatria e neurobiologia tenha sido construída sobre observações comportamentais de animais e extrapolações biológicas.

De acordo com a Attachment Parenting International (API), uma organização sem fins lucrativos que busca "orientar pais e cuidadores para uma educação segura, empática, rica em afeto e amor, visando criar laços familiares mais estreitos e, assim, um mundo mais compassivo", existem 8 princípios que promovem o apego saudável e seguro entre o cuidador e a criança, que são chamados de Princípios para uma Educação Intuitiva:
  1. preparar-se verdadeiramente para a gravidez, parto e maternidade/paternidade
  2. alimentar seu filho com amor e respeito
  3. responder às solicitações da criança com sensibilidade
  4. estar atento à qualidade do toque
  5. prezar pela qualidade física e emocional do sono da criança de forma que ela se sinta segura dormindo
  6. sustentar atitudes carinhosas
  7. praticar a disciplina positiva, baseada no reforço das boas atitudes
  8. buscar o equilíbrio na vida familiar
Embora outras práticas tenham sido associadas, atualmente, à criação com apego - como o parto natural, o parto domiciliar, a cama compartilhada, a amamentação prolongada, a desescolarização, a vida comunitária, entre outras - não existem regras, nem normas, nem padrões rígidos. Não há ditadura, ao contrário do que dizem os que não querem nem saber do que se trata. Há liberdade de escolha por práticas que tenham a ver com a cultura familiar e que, ainda assim, promovam o apego seguro entre pais e crianças.
Isso não é papo de gente bicho-grilo, alternativa, natureba ou seja lá o apelidinho de cunho pejorativo que você, por puro preconceito ou desconhecimento, queira dar.
Isso é coisa de gente muito esclarecida, principalmente do ponto de vista emocional. De gente que quer olhar para além de seu próprio umbigo e que se importa com a qualidade das pessoas que estamos deixando no mundo, com a qualidade da saúde emocional de seus filhos e da qualidade de vida que eles terão lá adiante. De gente que, a despeito das diferenças, comunga em um ponto fundamental: vê na criança algo além de um pequeno corpo, vê uma vida a se realizar, uma infinita possibilidade de amor e de crescimento, vê um mundo em seu constante vir-a-ser.
Não existem regras a serem seguidas, nem dogmas, não é uma religião. Basta apenas saber que a qualidade do afeto que as crianças recebem tem, sim, totalmente a ver com quem ela vai se tornar no futuro. E ao contrário do que existia na década de 50, hoje a ciência de ponta já tem condições de mostrar onde e como as mudanças acontecem nos indivíduos criados com amor.
Apenas a título de exemplo. Essa semana foram publicados, no periódico PNAS (Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America) os resultados de um estudo que mostra que o bom cuidado materno na infância leva ao aumento de uma estrutura cerebral chamada hipocampo. Estudei bastante as funções do hipocampo em meu mestrado e no meu primeiro doutorado, quando estudei a neurobiologia da ansiedade e da depressão. De acordo com esse estudo, há uma clara relação entre os fatores psicossociais da infância e alterações no tamanho do hipocampo e da amígdala, estruturas cerebrais relacionadas à memória de curto e longo prazo e ao comportamento emocional, respectivamente. Isso mostra que existe, realmente, uma ligação entre as experiências afetivas que a criança vive na infância e a forma como seu cérebro se desenvolve. Os pesquisadores estudaram, por meio de técnicas de neuroimagem que permitem visualizar o cérebro sem procedimentos invasivos, as características cerebrais tanto de crianças em idade pré-escolar deprimidas quanto de crianças emocionalmente saudáveis. E concluíram que o cuidado materno recebido na primeira fase da infância teria, sim, ligação com o tamanho do hipocampo, o que levaria, inclusive, a diferentes padrões de respostas ao estresse. Crianças emocionalmente saudáveis apresentaram hipocampos maiores, quando comparados às crianças deprimidas, e isso pôde ser relacionado ao grau de cuidado materno recebido quando eram menores. Embora quase a totalidade dos cuidadores do estudo tenham sido mães, os autores acreditam que isso possa ser extrapolado para qualquer cuidador que seja o principal responsável pelos cuidados afetivos com a criança (mãe, pai, avós ou outros).

Já faz tempo que a ciência mostrou que a modificação de um comportamento muda, também, o cérebro do indivíduo, causando, consequentemente, uma nova modificação do comportamento. É nisso que se baseia, por exemplo, a psicoterapia cognitiva-comportamental. A mudança de comportamento altera a estrutura cerebral e essa alteração muda seu comportamento. Um círculo sem fim.
Sabendo disso, é fácil compreender, então, que a forma como se trata uma criança altera seu cérebro. E que esse cérebro, assim alterado, promoverá comportamentos relacionados. 
Quando você cria com apego seguro, você está moldando um cérebro para que ele possa atuar com toda sua potencialidade, sem amarras, sem más resoluções, sem entraves.
E se você se esquivava de conhecer o que diz essa forma de maternar e paternar por puro preconceito, achando que era coisa de gente antiquada, atrasada, com pouco conhecimento, bicho-grilos, ingênuos, naturebas, alternativos, e afins, trate logo de buscar uma nova justificativa. A moderna ciência, a neurociência de ponta, está ao lado que quem opta por maternar/paternar com afeto e apego, mostrando que estamos certos ainda que tenhamos optado por isso de maneira intuitiva e não científica.
Ou, se quiser, pode remodelar você mesmo seu próprio cérebro e mudar o seu comportamento, abrindo um pouco a sua mente, deixando de lado a discriminação e o preconceito baseados no senso comum, nas lendinhas urbanas e nas histórias da carochinha, para aceitar que não há nada melhor do que criar uma criança com amor, sem ressalvas, sem poréns, sem medo, deixando o instinto falar e o apego rolar solto.
Num mundo onde o apego material tem sido reforçado e incentivado, prefira o apego emocional seguro, fruto da abundância.
Não da falta.

http://www.cientistaqueviroumae.com.br/2012/02/attachment-parenting-criacao-com-apego.html

3 comentários:

  1. ...isso mesmo...é...muita gente acha q filho criar filho é como criar gado...joga no mato(mundo) e deixa engordar (se fu...)...depois curte...

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  2. Lindo Fabi curta mesmo enquanto vc pode eu tbm sempre pensei assim, se eu posso tirar as pedras do caminho dos meus filhos tiro mesmo,assim tenho certesa q nunca irão cair,pelo menos enquanto precisarem, de mim, vc e um modelo de mãe, q muitas mulheres deveriam ser,te admiro muito minha querida,q vc seja feliz por toda sua vida, do meu amado sobrinho do coração Fabio e da pequenina Kadhija se errei o nome n/ importa eu a amo muitobjusssss

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  3. E não é que criei meus filhotes assim, sem nem saber da teoria???
    Beijoooo!

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